Um encontro existencial
Durante a primeira graduação em Teologia me interessei pelo pensamento grego.
Então, fui cursar Filosofia. A cada aula, um espanto, hora saíamos em choque,
hora maravilhados. Em uma de nossas conversas eu e os colegas falávamos como
seria bom se a filosofia chegasse as ruas como nos tempos da Grécia Antiga. Foi
então, que alguém mencionou a Filosofia Clínica. Naquele instante fui fisgada,
iniciei a pós-graduação no Instituto Packter onde me tornei Especialista em
Filosofia Clínica com habitação à pesquisa e dei segmento a minha formação para
Habilita à Clínica no Recanto da Filosofia Clínica. Todo a formação somente me
faz perceber que ainda há muito a saber e que o que hoje conheço é apenas uma
gota no oceano.
Conhece-te a ti mesmo, torna-te consciente de tua ignorância e serás sábio.
Sócrates
A Filosofia Clínica me ensina a prática da alteridade, ir ao mundo do outro sem
a bagagem, sem julgamento, sem afrontar a sua representação. Me ensina que a
terapia é como uma dança que pode ser intensa ou suave, com muitos movimentos,
muitos sons e ritmos diferentes. O terapeuta desenvolve a escuta, e é a escuta
que o faz perceber todos os movimentos dessa dança. É um encontro e é nesse
encontro ENTRE filósofo clínico e partilhante que a clínica acontece.
A Filosofia Clínica me ensina sobre o amor, não é possível ser filósofo clinico
sem amar o próximo, sem amar aquele que vem compartilhar a sua existência, suas
questões suas dores. Will Goya nos diz em seu livro A Escuta e o Silêncio
"”amar o próximo como a si mesmo" não é amar apenas o semelhante, mas
sobretudo o diferente, aquele com quem se aprende que o mundo é maior do que o
próprio eu". É uma nova lição a cada clínica, a cada partilhante, a cada
singularidade. Goya diz que “o importante é entender que o meu próximo é todo
aquele de quem eu me aproximo, sem violentar sua autonomia ou seu jeito de
ser". É na prática da escuta do amor ao próximo que a Filosofia Clínica
acontece.
Paula Prizo
Nenhum comentário:
Postar um comentário